quarta-feira, 25 de agosto de 2010

Irmãos Mais Velhos

Vejo sempre um dupla (não casal) de irmãos no ônibus que eu pego. Dou pro menino algo entre 13 e 14 anos, e a menina não mais que 10. O irmão faz pouco caso da irmã. Ela sempre se atrapalha com o bilhete único (não consegue achá-lo) e com a mochila de rodinhas. Ele não a ajuda em nada. Não sei, mas tenho pra mim que, se fosse possível, ele até a atrapalharia. Ele quase sempre senta. Ela, quase nunca. Eles parecem brigar por todo e qualquer motivo.

Quando olho pra eles, quase instantâneamente me lembro do meu irmão (guardando as devidas proporções, é claro). O que o meu irmão não sabe é que eu lembro disso com uma espécie de gratidão. Irmãos que não nos protegem a todo instante, que não nos mimam, estão na verdade nos treinando pra vida, nos preparando pro mundo lá fora. Aprendemos a nos virar sozinhas. Tornamo-nos auto-suficientes. Sabemos lidar com adversidades. E mais importante, não dependemos da ajuda de outros - nem esperamos por isso.

Sinto empatia por aquela menina, com certeza. Tenho vontade de, sem que o irmão veja, sussurrar no ouvido dela: "Já passei por isso. Acredite: um dia você vai agradecê-lo por tudo."

Arrependimentos

"I would never change a thing, even if I could." Verso de uma música (muito boa) do Foo Fighters. Sempre me senti assim. Alguns chamam isso de arrogância, que o Dicionário Michaelis (Online) define como: sf (lat arrogantia) Altivez, insolência, orgulho, presunção. Bom, isso eu nunca senti, não dessa forma. Mas quando digo que não mudaria nada na minha vida, é que ter tomado as decisões que eu tomei (boas e ruins), passar pelo que eu passei (alegrias e tristezas), me fez chegar onde eu estou hoje, me fez ser quem eu sou agora. E eu sinceramente me sinto bem comigo mesma, feliz - a despeito da minha insatisfação crônica já citada anteriormente.

Arrependimentos todos temos. Mas que eles nos sirvam de aprendizado. Que continuemos o que deu certo, mudemos o que deu errado. Arrisquemos. O que não adianta é ficar lamentando pelo que passou, como se fosse possível voltar ao passado e mudá-lo. E mesmo que fosse, já pensou o que acarretaria mudar algo do passado?! Se não pensou, pense. E sugiro que assista ao (primeiro) filme "Efeito Borboleta". Nele, o protagonista tem esse poder, de mudar o que aconteceu. Mas toda vez que ele volta e muda, ele vê que todo o futuro (dele e dos que o cercam) muda drasticamente. Paro por aqui pra não soltar nenhum SPOILER. Mas vale a pena. Guardando as devidas proporções, é isso que aconteceria conosco se mudássemos o que já passou. Isso afetaria, não só a nossa vida, mas de todos a nossa volta. Vale a pena?! Acho que não.

Ou seja, não reclame da vida, não viva no passado. Aprenda dele, cresça com ele. Guarde as boas lembranças, só. Porque quem vive de arrependimentos deixa de viver o presente, e se arrependerá muito mais no futuro. Eu não mudaria nada, mesmo se pudesse. Todas as músicas que eu costumava cantar, todas eram boas. A música (Resolve) continua. E vale muito a pena escutá-la - você não vai se arrepender.



segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Em Construção

Em construção porque nunca estou satisfeita com nada. Chamo de insatisfação crônica. É como a gravidez crônica, quando a mulher tem todos os sintomas de uma gravidez normal (enjoo, aumento de peso, lactação inclusive), só não está grávida. A insatisfação crônica é por aí. Tem-se todos os sintomas: irritação, desânimo, frustração, entre outros. Mas não se tem a causa, o motivo... o feto.

Como já dito no post anterior, mudo sempre. Não de cabelo, roupas ou amigos. Mudo por dentro. Às vezes quieta, às vezes faladeira. Ora calma, ora nervosa. Muito boa, ou muito má. Mas nunca satisfeita. Nunca contente. Parece que sempre fica faltando algo. Diferente de Cecília Meireles, nunca posso dizer: "...e a minha vida está completa." Porque não está. Pelo menos não agora.


Em construção quer dizer isso: a casa não está pronta, mas está começada. Lao-Tsé, filósofo chinês, disse que "uma longa viagem começa com um único passo." Estou dando esse passo agora. Pra onde eu vou?! Nem eu sei... Mas se quiser me acompanhar, poderemos descobrir juntos.

Amadurecendo

Uso sempre essa frase pra me definir: "Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante, do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo." Mais do que um verso de uma ótima música do Raul Seixas, ela descreve bem como eu me sinto, em relação a (quase) tudo. Acredito sim que existam pessoas que nunca mudam. Nascem ouvindo sertanejo, e morrem ouvindo sertanejo. Nascem e morrem ouvindo heavy metal. Só assistem a filmes "B" ou "cult", nunca comem em fast-food, só usam transporte público, e por aí vai... Não só acredito na existência desses, como também respeito, aceito. Afinal, quem sou eu pra julgar?! Mas diferente desses, eu mudo sempre. Não consigo me adaptar a rotina, cotidiano, dia-a-dia. E sofro. Sofro por tentar (em vão) ser igual a todo mundo, passar despercebida. "Adaptação" é uma palavra que não me cabe - pelo menos, não agora. Pra mim, soa como ter que cortar um pedaço das pernas, pra poder caber na caixa.

Outra citação que está entre as minhas favoritas, é da escritora Maria Clara Machado: "Aprendi que amadurecer dói, mas o fruto pode ser bom." Falo isso porque sinto na pele. Descobri que pra me tornar a borboleta que eu quero, tenho antes que romper o casulo que me prende; esse mesmo que até há pouco me protegia dos perigos deste mundo... E rompê-lo é difícil, dói... É vagaroso, e às vezes, frustrante. Mas dizem que nada se compara a ser borboleta, e voar por aí. Então deve valer a pena. Também sei que se não fizer isso agora, se esperar que alguém venha e rompa o casulo por mim, minhas asas nunca terão força suficiente para voar... Essa é a ideia do amadurecimento: sem dor, não há reconhecimento. Se não sofro, não aprendo, e então não amadureço.

Todos tem seu tempo, suas fases. Meu tempo de amadurecer é esse, agora. E a fase pela qual estou passando é de reflexão: parar de olhar em volta, passar a olhar pra dentro. As perguntas eu sempre tive. Mas agora estou descobrindo que eu também tenho as respostas...